sexta-feira, 7 de maio de 2010

A ILUSÃO DAS DROGAS - ÁLCOOL

ÁLCOOL

Quando se fala sobre bebidas alcoólicas pensamos em nossos amigos, familiares ou em nós mesmos ingerindo alguma bebida e muitas vezes não nos damos conta do número de pessoas que apresentam problemas em decorrência do consumo de álcool.

A mídia tem divulgado comerciais que estimulam o consumo de bebidas alcoólicas. Notamos diariamente adultos falando para crianças que não podem ingerir bebida alcoólica e que só “quando crescerem” vão poder beber. Esses comportamentos acabam estimulando o uso do álcool pela população.

Beber para muitos é uma forma de sentir prazer, porém a bebida alcoólica muitas vezes é causa de acidentes de trânsito com vítimas fatais, prisões por dirigir embriagado, homicídios em razão de brigas em bares, contaminação pela AIDS em razão do sexo sem preservativo, agressões contra mulheres, brigas familiares, enfim, o álcool é o grande causador de muitos desses problemas.

Observa-se que ao contrário do que alguns dizem, ingerir bebida alcoólica não é regra, conforme estudo do ano de 2007 extraído do I Levantamento Nacional sobre os Padrões de consumo de álcool na População Brasileira, 66% dos adolescentes com idade entre 14 e 17 nos nunca beberam ou bebem menos de uma vez por ano. Entre adultos acima 18 anos, de acordo com o estudo, 48% dos pesquisados são abstinentes, ou seja, nunca bebeu ou bebeu menos de uma vez por ano. Dessa forma notamos que não ingerir bebida alcoólica ou beber apenas moderadamente, em ocasiões especiais, é uma postura comum e saudável .

De acordo com estudo elaborado pelo Instituto Médico Legal de São Paulo, no ano de 2004, de todas as pessoas que morreram vítimas de acidentes ou violêcia 52% das vítimas de homicídio apresentavam álcool na corrente sangüínea. Também apresentavam sinais de álcool no sangue 64% das pessoas que morreram afogadas e 51% daqueles que morreram em decorrência de acidentes de trânsito .

As bebidas alcoólicas podem ter origem fermentada (vinho, cerveja) ou destilada (pinga, uísque, vodca) e promovem alterações no comportamento do seu consumidor.

O uso freqüente do álcool pode desencadear um quadro de dependência denominado alcoolismo, que atualmente atinge 10% da população.

A pessoa, logo depois de ingerir bebida alcoólica, sente os seus efeitos estimulantes, sente euforia, torna-se desinibida, perde a timidez, a censura interna, realiza desejos que não possui coragem de realizar e em algumas situações torna-se mais sociável. Depois de algum tempo em que a pessoa está consumindo bebida alcoólica ela passa a sentir seus efeitos depressores como a falta de coordenação motora, descontrole e sono.

Muitas vezes neste estado a pessoa se torna agressiva ou inconveniente. Se apesar desses efeitos a pessoa continuar ingerindo bebida alcoólica os efeitos do consumo podem levar a pessoa ao estado de coma.

Um indivíduo que ingeriu bebida alcoólica pode produzir acidentes, principalmente se estiver na direção de veículo automotor. Também é importante que se saiba que comete o crime previsto no artigo 306 no Código de Trânsito Brasileiro que prevê a pena de detenção de seis meses a três anos (Art. 306 - Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor) .

Para se ter uma idéia dos efeitos do álcool no organismo da pessoa, se ingerir três latas de cerveja duplica a possibilidade de produzir acidentes de trânsito, se ingerir cinco latas aumenta para seis vezes a possibilidade e se tomar sete latas aumenta para vinte e cinco vezes.


Quanto mais a pessoa ingere bebida alcoólica, mais chances ele tem de se envolver nos mais diversos problemas.

A transição entre o indivíduo que ingere bebida alcoólica de forma moderada até tornar-se alcoólatra ocorre de forma lenta. Os principais sintomas da dependência são: necessidade de beber maior quantidade de álcool para ter os mesmos efeitos (tolerância), percepção da vontade excessiva de ingerir bebida alcoólica, síndrome de abstinência e dificuldade quanto a parar de beber.

A síndrome de abstinência do álcool é um estado que a pessoa para bruscamente de ingerir álcool, depois de um período de consumo crônico. São características da síndrome o tremor nas mãos, problemas gastrointestinais, estado de inquietação geral e distúrbios de sono. Alguns evoluem para a síndrome de abstinência grave ou delirium tremens, que além da acentuação dos sintomas referidos, também se caracteriza por tremores generalizados, agitação intensa e desorientação no tempo e no espaço.

A pessoa que ingere bebida alcoólica possui grandes chances de sofrer de gastrite, pancreatite, cirrose hepática, insuficiência cardíaca, pressão alta, encolhimento cerebral, e outros efeitos físicos.

No âmbito psicológico a pessoa pode tornar-se mais nervosa, irritada, com insônia, sem concentração e depressão.

Na esfera social perde a produtividade, falta no trabalho, briga com familiares e amigos, torna-se irresponsável e sofre outros efeitos negativos .

Quando ocorre a ingestão do álcool ele é digerido no estômago e absorvido no intestino. As moléculas do álcool são levadas até o cérebro por intermédio da corrente sanguínea. A longo prazo, o álcool prejudica todos os órgãos, em especial o fígado, que é responsável pela destruição das substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas pelo corpo durante a digestão. Dessa forma, havendo uma grande dosagem de álcool no sangue, o fígado sofre uma sobrecarga para metabolizá-lo .

Conforme estudo sobre o alcoolismo elaborado pelo Ministério da Saúde se a pessoa responder de forma positiva para alguma das questões abaixo há chances de ser alcoólatra:

Você já sentiu que deveria diminuir a bebida?

As pessoas já o irritaram quando criticaram sua bebida?

Você já se sentiu mal ou culpado a respeito de sua bebida?

Você já tomou bebida alcoólica pela manhã para “aquecer” os nervos ou para se livrar de uma ressaca?

Apenas um “sim” sugere um possível problema. Em qualquer dos casos, é importante ir ao médico ou outro profissional da área de saúde, imediatamente, para discutir suas respostas. Eles podem ajudar a determinar se você tem problema com a bebida e recomendar o melhor tratamento .


HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE



Delegado de Polícia, professor da Academia de Polícia, titular de cadeira da Academia de Ciências, Artes e Letras dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária.



Site: www.higorjorge.com.br



Blog do projeto: http://policiacivilcomunitaria.blogspot.com



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Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul: http://comadsantafe.blogspot.com

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